Entendendo a Riqueza das Nações

sábado, 2 de janeiro de 2016

Pobres bilionários….
02.01.16

Uma pesquisa da Bloomberg realizada por Devon Pedleton e Jack Witzig mostrou que as pessoas mais ricas do mundo ficaram um pouco mais pobres em 2015. Segundo o Índice Bloomberg de Bilionários, as 400 pessoas mais ricas do mundo controlam um total de US$ 3,9 trilhões, o que representa mais do que o PIB de todos os países, com exceção dos EUA, China e Japão. Em seu pico de fortuna, em maio de 2015, eles tinham quase US$ 4,3 trilhões. Entretanto, em agosto, uma queda global dos ativos eliminou esta quantia e mais US$ 182 bilhões por semana.

Bill Gates, o homem mais rico do mundo, e que fez sua própria fortuna, obteve uma queda anual de US$ 2,8 bilhões, o que representa 3,2% a menos de sua riqueza. Ainda sim, a Cascade Investiment rendeu-lhe uma quantia considerável de US$ 83,8 bilhões, desde o seu primeiro IPO em 1986. Nada mal para quem diz lavar seus pratos todos os dias depois do jantar.

Amancio Ortega, fundador da Inditex, maior varejista do mundo da moda,  é o segundo da lista com US$ 72,9 bilhões em ativos. Homem mais rico da Europa desde 2012, ele conseguiu manter sua posição estável, superando Warren Buffet e Carlos Slim (telecomunicações) em US$ 12, 1 bilhões, uma variação positiva de 19% anual. Será que existe crise do mercado de luxo da moda? As mulheres continuam movendo o capitalismo.

Warren Buffet, terceiro mais rico do mundo, perdeu US$ 11,3 bilhões, uma variação anual negativa de 15,6%. Sua Berkshire Hathaway, detentora de negócios em energia, manufaturas, seguros e serviços, com participações na Coca-Cola, American Express e Wells Fargo, teve seu primeiro retorno anual negativo desde 2011. Dono das frases mais engraçadas da história dos investimentos, o ano passado lhe rendeu poucas piadas.

Por curiosidade, para quem achava que a Rainha Elizabeth II, que reinou por mais tempo na história inglesa, poderia ser a mulher mais rica do mundo, ficará desapontado. Liliane Bettencourt, cujo maior ativo é a L’Oreal, a 14ª da lista de bilionários, supera a rainha em US$ 34 bilhões. A riqueza real é representada por US$ 160 milhões em heranças maternas, US$ 110 milhões em propriedades e US$ 75 milhões em ...coleções de selos! Já a riqueza de Liliane representa mais caixa do que ativos engessados em palácios ou jóias da coroa. Pelo visto, meninas não têm mais aspirações de princesas.

As perdas são explicadas principalmente pelos sinais de desaceleração do crescimento econômico da China e pela queda dos preços das commodities, levando ao primeiro declínio anual do Índice Bloomberg de Bilionários.

Os gráficos são muito bem feitos e vale a pena conferir as informações detalhadas em:





sábado, 7 de setembro de 2013

O Etanol: a "menina dos olhos" do governo brasileiro?

O que é o etanol?

O etanol pode ser obtido através da cana-de-açúcar, milho, beterraba, mandioca, batata, etc. Pode-se dizer que ele é um álcool do bem, por ser renovável. O micro-organismo Sacchromyces cerevisiae, aquele simpático fungo unicelular que adora fazer pães e tomar cerveja, fermenta a matéria-prima. A cana ( no Brasil) e o milho (nos Estados Unidos) são as matérias mais utilizadas, pois elas apresentam maior produtividade. Após ser processado, o etanol pode ser utilizado puro (em motores adaptados) ou misturado com gasolina, como combustível.



Brasil e Estados Unidos: prá lá e prá cá...

O bioetanol é produzido em diversos países, sendo os Estados Unidos (com cerca de 50 bilhões de litros, a maior parte derivada do milho) e o Brasil (com cerca de 28 bilhões de litros, a maior parte derivada da cana) responsáveis por quase 80% dos 100 bilhões de litros estimados da produção mundial (2014).
Embora o etanol faça uso de menos de 5% da produção mundial de grãos, nos EUA ele chega a consumir quase 40% da produção de milho, gerando muitas queixas por parte dos produtores de carne.
O Brasil, segundo maior produtor e mercado do mundo, tem seu consumo de etanol puxado pela frota flex fuel, que representa quase 20 milhões de veículos e cresce na base de 3 milhões de novas unidades por ano. O preço do etanol está vinculado ao do petróleo, mas no Brasil, nos últimos dois anos, o preço da gasolina foi mantido abaixo do patamar internacional, num esforço do governo para conter a inflação. Essa política prejudicou a Petrobras e também o setor de etanol, comprimindo os preços do etanol a um máximo de 70% do preço da gasolina (devido à menor eficiência do etanol).



O Brasil se destaca no cenário global como sendo o país com tecnologia mais avançada na fabricação de etanol. A produção mundial desse combustível é da ordem de 40 bilhões de litros – o Brasil é responsável pela fabricação de 15 bilhões de litros. No país, a cada tonelada de cana-de-açúcar são produzidos 66 litros de álcool e 700 a 800 litros de vinhaça ou restilo.
Um dos grandes desafios das usinas é reduzir a quantidade dos subprodutos (bagaço e vinhaça) gerados durante a fabricação de etanol. Algumas destilarias utilizam o bagaço como combustível durante o processo produtivo.
Numa tentativa de reduzir a utilização do petróleo, o etanol surge como uma alternativa eficiente, limpa (emite menos gases poluentes) e mais barata. Porém, seu uso sem o devido planejamento pode gerar uma série de transtornos socioeconômicos: aumentos dos latifúndios monocultores de cana-de-açúcar, elevação dos valores de alguns gêneros alimentícios, esgotamento do solo e erosão.
Era uma vez...a crise do Petróleo!
Os primeiros usos práticos do etanol deram-se entre meados dos anos 30. Mas somente nos anos 70, com a crise do petróleo, que o Brasil passou a usar maciçamente o etanol como combustível.
A partir da crise do petróleo, na década de 70, o governo, numa atitude isolada internacionalmente, criou o programa Pró-álcool, e o etanol novamente recebeu as atenções como biocombustível de extrema utilidade.
Enquanto o governo promovia estudos econômicos para a sua produção em grande escala, oferecendo tecnologia e até mesmo subsídios às usinas produtoras de açúcar e álcool, as automobilísticas da época (Volkswagen, Fiat, Ford e GM) adaptavam seus motores para receber o álcool combustível. Daí, surgiriam duas versões no mercado: motor a álcool e a gasolina. Alguém lembra do lançamento do Fiat 147, o primeiro carro a álcool lançado?
O carro a álcool ganhou o gosto popular dos brasileiros, sendo que a quase totalidade dos veículos saídos das montadoras brasileiras naquele ano utilizava esse combustível.
A partir de 1986, o consumo de álcool apresentou queda gradual. Os motivos passam pela alta no preço internacional do açúcar. Com o produto escasseando no mercado, o Governo brasileiro iniciou a importação de etanol dos Estados Unidos, em 1991, ao tempo que ia retirando os subsídios à produção, promovendo a quase extinção do Pró-Álcool.
A queda no uso desse biocombustível também se deveu, ao longo da década de 90, a problemas técnicos nos motores a álcool, incapazes de um bom desempenho nos períodos frios, principalmente.

Problemas e crises: a "menina dos olhos" do governo brasileiro já foi trocada pelo irmãozinho pré-sal?

Com o país sem etanol suficiente para exportar e, no âmbito doméstico, carros flex sendo abastecidos sempre com gasolina, por custar menos que o etanol.No outro extremo das bombas de combustível, o setor vem enfrentando o fechamento sistemático de usinas. De 2008 a 2012, mais de 40 deixaram de funcionar, sendo 30 apenas entre 2011 e 2012, de acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). O que aconteceu?

1) Falta de planejamento a longo prazo
Esta indústria já está no Brasil há mais de 40 anos. Entretanto, não há uma política consolidada para o setor, há apenas medidas esporádicas. Há uma dificuldade em separar a produção de álcool da do açúcar. Além disto, com a descoberta do pré-sal, o petróleo voltou a ganhar espaço e o etanol ficou em segundo plano.

2) Peso da gasolina
Só vale a pena abastecer com álcool se o valor for até 70% do preço da gasolina, já que o álcool é menos eficiente.
Simule aqui a sua conta:
http://www.meubolsoemdia.com.br/ferramentas/simuladores/calculadora-%C3%A1lcool-x-gasolina

3) Produtividade
A crise de 2008 encolheu os créditos e aumentou os custos de produção das usinas de cana, reduzindo também os investimentos de capital estrangeiro no setor.
Além disto, a mecanização da colheita, através do corte mecânico, desperdiça parte da cana por não cortar tão rente ao solo. A mecanização passa por uma "curva de aprendizagem".

4) Clima
Safras secas demais ou chuvosas contribuem para a variação dos preços do etanol.



E você...
Acha que a China irá ultrapassar os Estados Unidos na importação de petróleo?
Será que a Índia irá adotar uma política de substituição do petróleo pelo Etanol?
Acha que o futuro do etanol é promissor ou prefere investir no pré-sal?






Comente!!! A sua opinião é muito importante!!!







domingo, 25 de agosto de 2013

A gasolina nossa de cada dia...

Com a explosão do dólar nos últimos dias, a importação de combustível ficará mais cara para a Petrobras. Para agravar o quadro, o preço do barril do petróleo no mercado internacional não deve baixar no curto prazo. Nos Estados Unidos, segundo o Departamento de Energia, os estoques de petróleo caíram 1,4 milhão de barris. Esta queda foi maior do que o esperado pelo mercado, que aguardava uma redução de 957 mil barris. Os contratos futuros fecharam em queda, especialmente após a ata do Fed, com a notícia da retirada de estímulos do Banco Central à economia norte-americana. O governo federal já tomou a decisão de conceder um reajuste de preços ainda este ano, o que pode agravar o quadro inflacionário brasileiro. Outro fator que pode agravar os preços é que a usina de Itaipu, sendo binacional, também é influenciada pelo dólar, repassando os preços de energia para as distribuidoras. Assim, também há pressão sobre os preços da conta de luz.

O doce veneno do subsídio...e a falta de refinarias

A gasolina no Brasil é subsidiada e seu preço é determinado pelo governo. A Petrobras importa o produto por R$1,73 o litro e vende para as distribuidoras por R$1,34, o que representa um rombo nas contas da estatal. Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), entre 2010 e 2013 a importação de gasolina cresceu 395% e a perda estimada para a estatal é da ordem de R$15 bi. Com esta política econômica, as contas da empresa estão cada vez mais sendo empurradas para o vermelho.
Nos últimos anos, o consumo de combustível aumentou e as nossas refinarias, que trabalham na capacidade máxima, não conseguem abastecer todo o mercado. A última refinaria construída no Brasil entrou em operação há mais de 30 anos. No momento, há duas em construção, mas, como sempre, as obras estão atrasadas. A conclusão das obras da refinaria Premium I (Maranhão) foi adiada para 2020. Já a Premium II (Ceará) vai ficar para 2018. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro teve sua inauguração adiada para 2017. Já a Refinaria Abreu e Lima (Pernambuco) está com 75% das obras prontas, mas depende de 40% do capital venezuelano para iniciar suas atividades.
O governo se baseou na venda de carros para impulsionar a economia, assim a demanda por gasolina aumentou, mas a oferta está defasada. Nos dados da ANP, o Brasil está consumindo cerca de 40% a mais de petróleo do que há dez anos, mas a capacidade produtiva só avançou 4,5% no mesmo período.

A gasolina no Brasil é cara? Qual é a composição do preço da gasolina?

De acordo com a Bloomberg, em valores nominais (isto é, sem descontar a inflação), a gasolina brasileira é a 36a. mais cara do mundo. A lista é liderada pela Turquia (R$5,30), Noruega (R$5,29), Países Baixos (R$4,75), Itália (R$4,73) e França (R$4,52). Já a gasolina mais barata é da Venezuela (R$0,02).
No Brasil, o valor médio do produto é de R$3,30, o que representa cerca de 5% do que um trabalhador recebe por dia (com base no salário mínimo). Ja na Índia, os consumidores precisam de 30,7% do salário de um dia para adquirir um litro de gasolina. Em ambos os casos, tem-se uma gasolina cara comparada ao poder de compra da população e à má distribuição de renda. Além disto, a tributação do produto é um grande vilão. Nos Estados Unidos, por exemplo, a tributação é de 20%. Já no Brasil, os tributos representam cerca de 50% da composição do preço do produto. Nos Estados Unidos há 144 refinarias, quase todas privadas. Já o Brasil tem 16 refinarias, todas estatais. De acordo com a legislação brasileira, qualquer empresa pode solicitar a abertura de uma refinaria. Entretanto, quem vai fazer isto, uma vez que a margem é negativa?




No próximo Post: Etanol - um substituto para a gasolina?
Infrográficos sobre a gasolina: http://oglobo.globo.com/infograficos/tabelas-petroleo/









quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Entenda a alta do dólar e as ações do Banco Central

O dólar atinge os R$2,43 e fecha na maior cotação em 4 anos. No ano, o câmbio subiu 18%. Apenas em agosto, o dólar registrou um aumento de 5%. Qual a explicação deste fenômeno?

Estamos vendo o Banco Central fazer movimentos de política monetária: leilões de swap cambial, leilões de venda de dólares com compromisso de compra e oferta de dólares no mercado à vista, também com compromisso de recompra. Quais efeitos terão estas ações?

A alta contínua do dólar tem explicações de origem interna e externa.
Internacionalmente, durante a crise de 2008, com as potências enfrentando problemas, o dinheiro de investidores estrangeiros passou a entrar no Brasil. Nesta época, o dólar ficou mais barato para nós brasileiros.
Entretanto, nos dias atuais, com a volta do fortalecimento dos Estados Unidos, há maior demanda por dólar, o que faz a moeda ficar mais cara. Ben Bernanke, presidente do FED, declarou que a compra de ativos será reduzida, ou seja, o volume de dólares em circulação cairá, aumentando o preço da moeda em todo o mundo.
Além disto, a desvalorização do real tem sido maior em relação às outras moedas. Internamente, com a alta inflação, IOFs sem lógica, perda da confiança dos investidores internacionais, um desempenho econômico fraco e contas externas que não vão bem (basta ver o desempenho da balança comercial brasileira), o Brasil deixou a desejar.

O que o Banco Central está fazendo para conter a alta do dólar?
A primeira ação foram três leilões de swap cambial, ou seja, venda de dólares no mercado futuro. O swap cambial é um título atrelado a um determinado valor do dólar a ser pago em data futura. Ao comprar um título associado ao dólar, o investidor "fixa" o valor do dólar que tem a receber ou a pagar. No segundo leilão, o BC apenas "rolou" parte dos contratos, ou seja, prorrogou seus vencimentos.
Outra ação foi anunciar um leilão de linha, ou seja, uma venda de dólares no mercado à vista com compromisso de recompra. Será que o objetivo destas transações era prover maior liquidez ao sistema?
Talvez o BC tenha escolhido operar no mercado de derivativos apostando não em movimentos unidirecionais da moeda, mas sim em uma estratégia de hedge cambial.
Na minha visão, estas ações não surtirão efeito. Se o BC não fizer venda de dólar à vista, não conseguirá resolver o problema no curto prazo. Para o longo prazo, a solução é estrutural, macroeconômica. A recente queda do Índice de Confiança da Indústria mostra que há uma sensação de desapontamento com a economia. Que tal impulsionar os setores que refletem o consumo e o investimento?