Entendendo a Riqueza das Nações

domingo, 25 de agosto de 2013

A gasolina nossa de cada dia...

Com a explosão do dólar nos últimos dias, a importação de combustível ficará mais cara para a Petrobras. Para agravar o quadro, o preço do barril do petróleo no mercado internacional não deve baixar no curto prazo. Nos Estados Unidos, segundo o Departamento de Energia, os estoques de petróleo caíram 1,4 milhão de barris. Esta queda foi maior do que o esperado pelo mercado, que aguardava uma redução de 957 mil barris. Os contratos futuros fecharam em queda, especialmente após a ata do Fed, com a notícia da retirada de estímulos do Banco Central à economia norte-americana. O governo federal já tomou a decisão de conceder um reajuste de preços ainda este ano, o que pode agravar o quadro inflacionário brasileiro. Outro fator que pode agravar os preços é que a usina de Itaipu, sendo binacional, também é influenciada pelo dólar, repassando os preços de energia para as distribuidoras. Assim, também há pressão sobre os preços da conta de luz.

O doce veneno do subsídio...e a falta de refinarias

A gasolina no Brasil é subsidiada e seu preço é determinado pelo governo. A Petrobras importa o produto por R$1,73 o litro e vende para as distribuidoras por R$1,34, o que representa um rombo nas contas da estatal. Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), entre 2010 e 2013 a importação de gasolina cresceu 395% e a perda estimada para a estatal é da ordem de R$15 bi. Com esta política econômica, as contas da empresa estão cada vez mais sendo empurradas para o vermelho.
Nos últimos anos, o consumo de combustível aumentou e as nossas refinarias, que trabalham na capacidade máxima, não conseguem abastecer todo o mercado. A última refinaria construída no Brasil entrou em operação há mais de 30 anos. No momento, há duas em construção, mas, como sempre, as obras estão atrasadas. A conclusão das obras da refinaria Premium I (Maranhão) foi adiada para 2020. Já a Premium II (Ceará) vai ficar para 2018. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro teve sua inauguração adiada para 2017. Já a Refinaria Abreu e Lima (Pernambuco) está com 75% das obras prontas, mas depende de 40% do capital venezuelano para iniciar suas atividades.
O governo se baseou na venda de carros para impulsionar a economia, assim a demanda por gasolina aumentou, mas a oferta está defasada. Nos dados da ANP, o Brasil está consumindo cerca de 40% a mais de petróleo do que há dez anos, mas a capacidade produtiva só avançou 4,5% no mesmo período.

A gasolina no Brasil é cara? Qual é a composição do preço da gasolina?

De acordo com a Bloomberg, em valores nominais (isto é, sem descontar a inflação), a gasolina brasileira é a 36a. mais cara do mundo. A lista é liderada pela Turquia (R$5,30), Noruega (R$5,29), Países Baixos (R$4,75), Itália (R$4,73) e França (R$4,52). Já a gasolina mais barata é da Venezuela (R$0,02).
No Brasil, o valor médio do produto é de R$3,30, o que representa cerca de 5% do que um trabalhador recebe por dia (com base no salário mínimo). Ja na Índia, os consumidores precisam de 30,7% do salário de um dia para adquirir um litro de gasolina. Em ambos os casos, tem-se uma gasolina cara comparada ao poder de compra da população e à má distribuição de renda. Além disto, a tributação do produto é um grande vilão. Nos Estados Unidos, por exemplo, a tributação é de 20%. Já no Brasil, os tributos representam cerca de 50% da composição do preço do produto. Nos Estados Unidos há 144 refinarias, quase todas privadas. Já o Brasil tem 16 refinarias, todas estatais. De acordo com a legislação brasileira, qualquer empresa pode solicitar a abertura de uma refinaria. Entretanto, quem vai fazer isto, uma vez que a margem é negativa?




No próximo Post: Etanol - um substituto para a gasolina?
Infrográficos sobre a gasolina: http://oglobo.globo.com/infograficos/tabelas-petroleo/









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