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sábado, 7 de setembro de 2013

O Etanol: a "menina dos olhos" do governo brasileiro?

O que é o etanol?

O etanol pode ser obtido através da cana-de-açúcar, milho, beterraba, mandioca, batata, etc. Pode-se dizer que ele é um álcool do bem, por ser renovável. O micro-organismo Sacchromyces cerevisiae, aquele simpático fungo unicelular que adora fazer pães e tomar cerveja, fermenta a matéria-prima. A cana ( no Brasil) e o milho (nos Estados Unidos) são as matérias mais utilizadas, pois elas apresentam maior produtividade. Após ser processado, o etanol pode ser utilizado puro (em motores adaptados) ou misturado com gasolina, como combustível.



Brasil e Estados Unidos: prá lá e prá cá...

O bioetanol é produzido em diversos países, sendo os Estados Unidos (com cerca de 50 bilhões de litros, a maior parte derivada do milho) e o Brasil (com cerca de 28 bilhões de litros, a maior parte derivada da cana) responsáveis por quase 80% dos 100 bilhões de litros estimados da produção mundial (2014).
Embora o etanol faça uso de menos de 5% da produção mundial de grãos, nos EUA ele chega a consumir quase 40% da produção de milho, gerando muitas queixas por parte dos produtores de carne.
O Brasil, segundo maior produtor e mercado do mundo, tem seu consumo de etanol puxado pela frota flex fuel, que representa quase 20 milhões de veículos e cresce na base de 3 milhões de novas unidades por ano. O preço do etanol está vinculado ao do petróleo, mas no Brasil, nos últimos dois anos, o preço da gasolina foi mantido abaixo do patamar internacional, num esforço do governo para conter a inflação. Essa política prejudicou a Petrobras e também o setor de etanol, comprimindo os preços do etanol a um máximo de 70% do preço da gasolina (devido à menor eficiência do etanol).



O Brasil se destaca no cenário global como sendo o país com tecnologia mais avançada na fabricação de etanol. A produção mundial desse combustível é da ordem de 40 bilhões de litros – o Brasil é responsável pela fabricação de 15 bilhões de litros. No país, a cada tonelada de cana-de-açúcar são produzidos 66 litros de álcool e 700 a 800 litros de vinhaça ou restilo.
Um dos grandes desafios das usinas é reduzir a quantidade dos subprodutos (bagaço e vinhaça) gerados durante a fabricação de etanol. Algumas destilarias utilizam o bagaço como combustível durante o processo produtivo.
Numa tentativa de reduzir a utilização do petróleo, o etanol surge como uma alternativa eficiente, limpa (emite menos gases poluentes) e mais barata. Porém, seu uso sem o devido planejamento pode gerar uma série de transtornos socioeconômicos: aumentos dos latifúndios monocultores de cana-de-açúcar, elevação dos valores de alguns gêneros alimentícios, esgotamento do solo e erosão.
Era uma vez...a crise do Petróleo!
Os primeiros usos práticos do etanol deram-se entre meados dos anos 30. Mas somente nos anos 70, com a crise do petróleo, que o Brasil passou a usar maciçamente o etanol como combustível.
A partir da crise do petróleo, na década de 70, o governo, numa atitude isolada internacionalmente, criou o programa Pró-álcool, e o etanol novamente recebeu as atenções como biocombustível de extrema utilidade.
Enquanto o governo promovia estudos econômicos para a sua produção em grande escala, oferecendo tecnologia e até mesmo subsídios às usinas produtoras de açúcar e álcool, as automobilísticas da época (Volkswagen, Fiat, Ford e GM) adaptavam seus motores para receber o álcool combustível. Daí, surgiriam duas versões no mercado: motor a álcool e a gasolina. Alguém lembra do lançamento do Fiat 147, o primeiro carro a álcool lançado?
O carro a álcool ganhou o gosto popular dos brasileiros, sendo que a quase totalidade dos veículos saídos das montadoras brasileiras naquele ano utilizava esse combustível.
A partir de 1986, o consumo de álcool apresentou queda gradual. Os motivos passam pela alta no preço internacional do açúcar. Com o produto escasseando no mercado, o Governo brasileiro iniciou a importação de etanol dos Estados Unidos, em 1991, ao tempo que ia retirando os subsídios à produção, promovendo a quase extinção do Pró-Álcool.
A queda no uso desse biocombustível também se deveu, ao longo da década de 90, a problemas técnicos nos motores a álcool, incapazes de um bom desempenho nos períodos frios, principalmente.

Problemas e crises: a "menina dos olhos" do governo brasileiro já foi trocada pelo irmãozinho pré-sal?

Com o país sem etanol suficiente para exportar e, no âmbito doméstico, carros flex sendo abastecidos sempre com gasolina, por custar menos que o etanol.No outro extremo das bombas de combustível, o setor vem enfrentando o fechamento sistemático de usinas. De 2008 a 2012, mais de 40 deixaram de funcionar, sendo 30 apenas entre 2011 e 2012, de acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). O que aconteceu?

1) Falta de planejamento a longo prazo
Esta indústria já está no Brasil há mais de 40 anos. Entretanto, não há uma política consolidada para o setor, há apenas medidas esporádicas. Há uma dificuldade em separar a produção de álcool da do açúcar. Além disto, com a descoberta do pré-sal, o petróleo voltou a ganhar espaço e o etanol ficou em segundo plano.

2) Peso da gasolina
Só vale a pena abastecer com álcool se o valor for até 70% do preço da gasolina, já que o álcool é menos eficiente.
Simule aqui a sua conta:
http://www.meubolsoemdia.com.br/ferramentas/simuladores/calculadora-%C3%A1lcool-x-gasolina

3) Produtividade
A crise de 2008 encolheu os créditos e aumentou os custos de produção das usinas de cana, reduzindo também os investimentos de capital estrangeiro no setor.
Além disto, a mecanização da colheita, através do corte mecânico, desperdiça parte da cana por não cortar tão rente ao solo. A mecanização passa por uma "curva de aprendizagem".

4) Clima
Safras secas demais ou chuvosas contribuem para a variação dos preços do etanol.



E você...
Acha que a China irá ultrapassar os Estados Unidos na importação de petróleo?
Será que a Índia irá adotar uma política de substituição do petróleo pelo Etanol?
Acha que o futuro do etanol é promissor ou prefere investir no pré-sal?






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